Por sabermos que a crise climática e a crise do custo de vida têm a mesma origem – uma sociedade assente em combustíveis fósseis – vamos participar, com a @ClimaximoPT e a @FFFPortugal na manifestação por uma vida justa, este sábado.
O aumento do custo de vida dos povos nos países por todo o mundo e em Portugal é consequência de uma economia subjugada pelos combustíveis fósseis. Os lucros das petrolíferas triplicaram em 2022.
A Shell registou o maior lucro dos seus 115 anos de História. A Exxon Mobil obteve em 2022 mais lucro do que alguma petrolífera europeia ou americana alguma vez fez na História. Em Portugal, a Galp atingiu o maior lucro da sua História. Nota-se o padrão?
Ao mesmo tempo, o colapso climático está iminente e o objetivo de limitar o aquecimento global a 1.5 ºC relativamente ao período pré-industrial cada vez mais parece uma miragem.
A inflação galopante do último ano tem uma fonte inequívoca: a especulação que usa uma suposta falta de energia fóssil como desculpa para um aumento de preços generalizado.
“Os altos preços da energia estão a causar uma enorme transferência de riqueza dos consumidores para os produtores, para níveis similares aos de 2014 no caso do petróleo, mas totalmente sem precedentes no caso do gás natural.
Os preços altos dos combustíveis são responsáveis por 90% do aumento dos custos médios da geração de eletricidade a nível global, com o gás natural à cabeça, sendo responsável por mais de 50% do aumento.”
Agência Internacional de Energia
Nos últimos 50 anos, as petrolíferas fizeram em média 2900 milhões de euros POR DIA. Em 2020, receberam 9,5 milhões de euros de subsídios públicos POR MINUTO. Subjugaram um sistema social e tecnológico e um regime político ao petróleo e ao gás com o dinheiro dos nossos impostos.
A crise social que vivemos também se reflete numa crescente pobreza energética, que afeta severamente 660 a 680 mil pessoas, as quais acumulam a “situação de pobreza monetária ou económica” com a impossibilidade de manterem as suas casas em condições de conforto térmico.
Só um plano de mitigação baseado na ciência climática e dirigido para a justiça social e democracia energética garantirá uma “Vida Justa” e digna para todas as pessoas. A energia é um bem essencial, e por isso deve ser gerida na ótica do serviço público e em prol do bem comum.
Reivindicamos:
– Eletricidade 100% renovável e acessível a curto prazo, com vista a eliminar os combustíveis fósseis até 2030;
– Um serviço público de energias renováveis;
– Investimento público na construção e requalificação contra a pobreza energética;
– Parar todos os novos projectos que levem ao aumento de emissões, como um novo aeroporto ou um novo gasoduto.